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A história dos consoles no Brasil é cheia de criatividade, gambiarras, altos impostos, paixão e resistência. Quem olha hoje para o Nintendo Switch e para os consoles oficiais talvez não imagine a trajetória tortuosa que o videogame percorreu no país — dos clones baratinhos aos oficiais importados, passando pela pirataria, pelas iniciativas locais e, finalmente, pela nostalgia crescente.
Neste post vamos entender:
A era dos clones e consoles paralelos
Legalidade e pirataria nos anos 80/90
Consoles atuais e nostalgia do retro gaming
Mercado colecionista brasileiro
Com links para entrevistas com colecionadores no YouTube e do canal/Projeto Jogo Véio, para quem quer aprofundar.
A era dos clones e consoles paralelos
A era dos clones marca um capítulo fundamental na história dos consoles no Brasil. Devido à política de reserva de mercado, altas tarifas de importação e barreiras regulatórias, surgiram consoles paralelos e versões “alternativas” dos videogames que tinham sucesso nos EUA, Japão ou Europa.
O Telejogo da Philco-Ford, nos anos 70, já era uma experiência de console simples, inspirado no Pong. (Academia)
Em 1983, com a popularização do Atari 2600 nos EUA, empresas brasileiras como a Dynacom, CCE, Dismac começaram a fabricar clones do Atari. (WarpZone)
O Phantom System da Gradiente foi um dos clones mais populares do NES no Brasil. Era compatível com cartuchos de 72 pinos (padrão americano) e teve grande alcance. (Wikipédia)
Outro exemplo importante: a Dynavision, série de consoles da Dynacom, que teve versões como o Dynavision 2, 3 etc., clones do NES. (WarpZone)
O Polystation é outro caso emblemático (não oficial) de console paralelo/clonado que apareceu no Brasil, em muitos casos importado via mercado cinza e que remete visualmente ao PlayStation 1, mas sem licença oficial. (Wikipédia)
Essa era dos clones ajudou a difundir o videogame no Brasil muito antes do acesso oficial ficar mais viável. A história dos consoles no Brasil não seria a mesma sem essa fase.
Legalidade e pirataria nos anos 80/90
A história dos consoles no Brasil está intimamente ligada aos temas de legalidade e pirataria. Num país com impostos altos, dificuldades de importação e renda relativamente baixa, os clones e os cartuchos piratas se tornaram quase uma necessidade para muitos jogadores.
A Reserva de Mercado (anos 70/80) limitava importações de produtos eletrônicos, estimulando a produção nacional de clones. (Research Gate)
Cartuchos piratas para Atari 2600 e NES, adaptados ou modificados localmente, eram comuns. Jogos duplicados em fitas, discos ou cartuchos regravados circulavam intensamente. (Academia)
Com a queda da reserva de mercado (Lei nº 8.248 de 1991) e abertura gradual, chegou o momento em que os produtos oficiais começaram a ter espaço, embora o pirata/cópia ainda fosse bastante presente. (Meio Bit)
Mesmo após os consoles oficiais se instalarem, a pirataria continuou em cartuchos e mídias alternativas, causando um impacto econômico e cultural. Muitos jogadores conheceram títulos clássicos através de versões piratas ou clones.
A legalidade era uma linha tênue: muitos clones eram ilegais, mas a carência de alternativas oficiais, os altos preços e dificuldades de acesso levavam ao uso generalizado dos paralelos.
Consoles atuais e nostalgia do retro gaming
Hoje, o panorama mudou muito, mas a história dos consoles no Brasil continua viva:
O Nintendo Switch representa o estado-da-arte atual: consoles oficiais, tradução/localização, suporte, versões oficiais importadas ou nacionalizadas, distribuição formal.
Ao mesmo tempo, há uma forte nostalgia por retro gaming: muitos jogadores jovens e adultos voltaram a colecionar ou jogar consoles antigos (Atari, NES, Mega Drive, Super Nintendo etc.), restaurar hardware antigo, buscar cartuchos originais, jogar em TVs antigas ou por emuladores.
Há relançamentos, consoles mini (Mini NES, Classic, etc.), remasterizações, remakes que se apoiam no legado desses consoles que marcaram a história dos consoles no Brasil.
A cultura retro é também celebrada em eventos, feiras, fóruns, comunidades online, canais de YouTube, podcasts.
Mercado colecionista brasileiro
O mercado colecionista é parte essencial da história dos consoles no Brasil hoje:
Perfil de colecionadores: geralmente pessoas que jogaram consoles clássicos na infância ou adolescência; nostalgia como motivador forte; disposição a investir valores altos em hardware raro, cartuchos originais, edições especiais.
Valorização de itens: consoles oficiais antigos (NES oficial Playtronic, SNES, Mega Drive, Atari original etc.), cópias raras e clones bem conservados, manuais em bom estado, caixas originais. Clones e consoles paralelos por vezes têm valor colecionável justamente por sua raridade ou peculiaridades locais.
Exemplos de colecionadores e entrevistas mostram isso na prática:
Entrevista com Alex Mamed – considerado um dos maiores colecionadores de videogames no Brasil. Ele fala sobre sua coleção, consoles raros, valores emocionais e de mercado.
Jogo Véio Podcast – excelente para quem quer ouvir histórias, análises e relatos de colecionadores, consoles antigos e curiosidades da história dos consoles no Brasil.
Mercado de preços: há um mercado crescente para consoles e jogos retrô no Brasil, algumas transações de alto valor, importações de peças, restaurações. Também um mercado internacional interessado em clones ou consoles com versões locais.
Ligação entre os temas — como tudo se encaixa
A história dos consoles no Brasil mostra como:
Clones e consoles paralelos foram motores iniciais do acesso aos videogames no país.
Legalidade/pirataria não foram apenas ilegalidades: foram parte da infraestrutura informal que permitiu a difusão cultural dos jogos eletrônicos.
Consoles oficiais, políticas de importação, tradução/localização, distribuição formal vieram só depois — mas tiveram que lidar com expectativas e práticas já consolidadas (como mercado cinza, pirataria, clones).
A nostalgia do retro gaming é resultado dessa trajetória — quem viveu ou ouviu falar dos clones sente um valor especial tanto emocional quanto cultural.
O mercado colecionista, por sua vez, transforma essa nostalgia em economia, visibilidade e preservação da memória gamer.
Veja também
Se você curtiu relembrar a história dos consoles no Brasil, vai adorar conhecer os 5 consoles retrô que voltaram com tudo em 2025.
O artigo mostra como clássicos estão ganhando novas versões e encantando tanto colecionadores quanto novos jogadores.
Conclusão
A história dos consoles no Brasil é uma narrativa de resistência, adaptação, paixão e transformação. Do Polystation e Phantom System até o Nintendo Switch, passando pelos clones, pirataria e o despertar do mercado colecionista, tudo contribuiu para o que o Brasil é hoje no mundo gamer: uma comunidade vibrante, cheia de nostalgia, amor pelos clássicos, e olhando com expectativa para o futuro.
Seja você colecionador, jogador casual, ou alguém curioso sobre cultura digital, entender essa história ajuda a valorizar o presente — e quem sabe, inspirar o futuro.
Fontes e entrevistas
Aqui vão alguns links confiáveis para aprofundar:
1 Comentário
[…] como surgiu a estrutura de consoles e videogames no Brasil, vale muito conferir meu outro post: História dos Consoles no Brasil – entender isso ajuda a ver as raízes dos desafios e também do orgulho de criar games […]